Viagem à Lua

Viagem à Lua se organiza segunda a tópica do mundo de ponta-cabeça, dupla metáfora para o caso em pauta: a vida na Lua como ponto de vista para pensar a da terra. Repleto de agudezas de estilo, o texto mistura descrições e diálogos das aventuras do narrador na Lua, através dos quais são postas em cena as concepções cosmológicas geradas por filosófos, teológos e cientistas da tradição ou de sua época.Paralelamente, ao contrastar a vida cotidiana dos selenitas (habitantes da Lua) com a da terra, o autor efetua uma demolidora crítica dos costumes da sociedade cortesã. Mais que a criatividade em conceber paradoxos e uma miríade de inversões, por si só engraçadíssimas, como a dos velhos obedecerem aos jovens na sociedade lunar porque estes não têm medo, importa ressaltar os jogos retóricos que permitem a construção racional e convincente de perspectivas totalmente absurdas mas que, exatamente por contraste, tornam as concepções e os comportamentos humanos tão discutíveis. Cyrano de Bergerac era um libertino no sentido exato que a palavra possuía em sua época: o de livre pensador. E é exatamente o valor da liberdade o mais importante organizador do texto: liberdade em relação aos gêneros, literários ou não, ficcionais ou não, em relação aos costumes e comportamentos, e às ingerências religiosas e políticas de sua época.As cartas selecionadas complementam e expandem esse conjunto de questões.O gênero epistolar, na realidade, é mero veículo para que o autor dê livre curso à sua criação em diversos campos. Podemos dividi-las em cinco grupos: as cartas sobre as estações do ano e os elementos da natureza (que retomam perspectivas cosmológicas presentes na Viagem à Lua); as cartas contra escritores e artistas; as cartas contra os jesuítas; os enigmas; os textos sobre a feitiçaria. Esses últimos, valiosos para os estudiosos da Inquisição e por indicarem a pluralidade de pontos de vista de Cyrano, irredutível a categorias como pensador racionalista ou irracionalista. O volume traz ainda três textos fundamentais: a introdução, de Maurice Laugaa, que detalha a história editorial do livro e investiga as oscilações calculadas entre narração, descrição didática, ficção e discurso hipotético; a nota do mesmo autor às cartas selecionadas, e o posfácio de Jacyntho Lins Brandão, que reconstitui em minúcias as relações dos textos Icaromenipo e Narrativas verdadeiras, de Luciano de Samósata, com Viagem à Lua.
Editora: Globo
ISBN: 9788525043115
Ano: 2007
Edição: 1
Número de páginas: 240
Acabamento: 
Brochura
Formato: Médio
Complemento da Edição: Nenhum


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