Da Utilidade de uma Nova Crítica da Razão Pura

EMMANUEL KANT

O primeiro volume da revista de Eberhard consta propriamente de duas partes: a destinada à exposição da realidade objetiva de nossos conceitos do não sensível e a segunda que se dedica a discutir e resolver o tema de como são possíveis as proposições sintéticas a priori. Relativamente ao princípio da razão suficiente é feito um tratamento para mostrar a realidade do conceito de razão nesse principio sintético; porem pertence também, segundo a explicação do próprio autor ao número dos juízos sintéticos e analíticos onde deve ser buscada, antes de mais nada, a possibilidade dos juízos sintéticos. O restante, dito anterior ou intermediariamente, num sentido ou noutro, é simplesmente referência ao futuro, retomada de demonstrações anteriores, citações de Leibniz e outros, invectivas contra expressões, falsificando, a mor das vezes, seu sentido e outras coisas pelo estilo. Toma literalmente o conselho dado por Quintiliano ao orador, sobre o modo de argumentar hebetando aos ouvintes: "Si non possunt valere, quia magna sunt, valebunt. quia multa sunt. Singula levia sunt et communia, universa tamen nocent; etiam si non ut fulmine, tamen ut grandine"; que deve ser considerado; apenas em aditamento. Se é problemático entender-se com um autor que desconhece a ordem, é pior ainda tratar com aquele que simula a desordem para fazer deslizar sub-repticiamente proposições triviais ou falsas.