Limites da Voz (Montaigne, Schlegel, Kafka)
Os especialistas tendem a só se interessar por sua área específica. Neste sentido, não sou um especialista. Qual a especialidade de alguém que fala tanto de um contemporâneo francês do Renascimento quanto de Kant e Kafka? A academia distingue os filósofos dos que tratam desta ou daquela literatura, e, entre estes, os romanistas dos germanistas. Alguém que mistura as fronteiras lhe parece suspeitoso. Para o filósofo que venha a ler o que, a seguir, se escreve sobre Kant, o autor talvez pareça um bom romanista. Para o especialista em literatura francesa, parecerá ter talento como germanista. Mas os germanistas estarão certos em protestar: não é possível reconhecer como um de nossos pares quem fala malo alemão. Muito menos é obra de um erudito: em minha casa, não caberiam os livros de que preciso. Além do mais, a preocupação em manter os limites de um só livro provocou que se eliminassem tratamentos que os eruditos considerarão imprescindíveis.
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