Adeus ao Eu: a Enunciação do Outrar-se

Examinam-se as formas do outrar-se do sujeito heteronímio do Livro do Desassossego de Bernardo Soares/Fernando Pessoa, tendo como objetivo demonstrar e interpretar a fórmula literária na qual o eu (tomado como sujeito da enunciação e sujeito do enunciado) torna-se outros no plano lingüístico-enunciativo.
O objetivo é demonstrar e interpretar essa fórmula literária da enunciação do outrar-se.
Para alcançar esse objetivo, fundamenta-se, no plano da análise do discurso, nos princípios de polifonia de M. Bakhtin e na teoria da enunciação desenvolvida por E. Benveniste e comentada por D. Maingueneau; no plano da interpretação desse discurso, na estética de G. Deleuze & F. Gauttari, assim como na forma de interação dessa estética feita por José Gil.
O critério para a seleção do corpus previu destacar as falas em que se reconheceram os mecanismos de interação da enunciação do outrar-se com a criação de sujeitos heterônimos e os processos de revezamento de suas funções como pessoas enunciativas.
A análise permitiu vislumbrar na enunciação do outrar-se alguns traços específicos de sua fórmula: a inclinação para fruir a sensação onírica (sensacionismo); a narratividade em fluxos (escrita paratática); a harmonização das partes (o todo fractalizado) ou dos contrários (a trama da caosmose) e o desdobramento metaenunciativo (heteronímia). Tais procedimentos, prenunciando um novo devir literário, motivam a vislumbrar também um novo olhar sobre a criação poética pessoana.


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