Eduardo de Almeida

Eduardo de Almeida gosta de repetir sua máxima: ?o melhor detalhe é aquele que não se vê?. A frase se refere ao detalhe que condensa aqueles problemas da arquitetura e que merecem atenção, cuidados e desenhos especiais, mas que não deveriam chamar a atenção, sequer deveriam ser percebidos, pelo risco de provocar o interesse de um ornamento, pelo risco de decorar e insinuar um virtuosismo que o arquiteto renega e que comprometeria a síntese da arquitetura moderna. Detalhe imperceptível a um olhar descuidado, mas fundamental para a compreensão do todo. Almeida usa essa charada para provocar interlocutores e dar pistas ao esforço visual que deve julgar os atributos de sua arquitetura. Na verdade, seu enigma quer prevenir e direcionar a acuidade visual do observador para que possa ser reconhecida a inteligência estética em seus projetos. Na verdade, essa arquitetura apenas se confirma quando os ?invisíveis? detalhes deixados pelo arquiteto forem descobertos e compreendidos pela visão cultivada do observador atento. Talvez também haja uma ponta de ironia nesse ?slogan?, se for levado em conta que quanto mais for se aproximando da difícil concisão formal da técnica, mais imperceptível e indecifrável se tornará essa realidade material para a maioria. De qualquer jeito, a metáfora corresponde ao seu código profissional e coincide com o recurso possível para preservar uma maneira própria de atribuir valor à arquitetura num quadro hegemônico em que o heroísmo, a invenção e uma sorte de realismo estrutural tomaram conta do meio. Autor de uma arquitetura precisa, clara, discreta, porém intensa, em que fica explícita uma atitude moderna mais cara ao seu tempo, ao progresso e, portanto, à civilização do que restrita à cultura ou ao conjunto das tradições brasileiras. Uma arquitetura em que arte e técnica se ajustam e completam, mediadas pela noção estética moderna e cognitiva. Não pela estética que emociona, mas pela estética que permite conhecer uma ordem inacessível à razão. Projetos impecáveis em que se procuram encontrar a maior transparência e simplicidade entre o processo de estruturação formal da arquitetura e sua construção material. Um trabalho exaustivo, imprevisível, demorado e cansativo em que se aspira alcançar o objeto definitivo a partir do conjunto de premissas tipológicas e opções técnicas estabelecidas. Em que tudo fica previsto e nada é deixado por verificar.
Editora: Romano Guerra
ISBN: 8588585073
Ano: 2006
Edição: 1
Número de páginas: 120
Acabamento: 
Brochura
Formato: Médio
Complemento da Edição: Nenhum


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