Operação Cesariana

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O leitor da primeira edição desta obra não a reconhecerá na que esta vindo a lume, tão diversa ela está, não apenas nas roupagens, mas totalmente reescrita e ilustrada, iconografia rejuvenescida. Intocada, apenas, a doutrina. Não seria, porém, presunçoso esperar que os raros contemporâneos daquela edição inaugural ainda a recordassem para o cotejo, olhos já desvidrados pelo puir de tantos anos? E tenha ela obtido somente os cem leitores que Stendhal esperava para um de seus livros, ou forçada a limitar-se, quando, muito, aos dez, talvez cinco, com que Braz Cubas contava, cousa e que "admira e consterna" somente o autor. Tantos anos esquecido, praz-me lembrar que Operação Cesariana foi um livro de combate que os meus verdes anos tornaram propositalmente polêmico, encarnando as idéias de minha Escola e da figura apostolar de Fernando Magalhães que a simbolizava, irradiando, da insigne Maternidade de Laranjeiras, a pregação em favor do parto abdominal. Começava a transformar-se a nossa Obstetrícia: "mui íngreme e costa arriba" a caminhada. A vidência dos mais afoitos que, naqueles idos, porfiavam em erradicar, da pratica tradicional, arte arrogante e sem nobreza, os terríveis atos extrativos, amiúde feticidas, jamais ousaria antever os tempos presentes, em que é de mister sofrear a ascensão insólita de incidência da cesárea, tão despropositada que confere a Tocologia brasileira o triste privilégio dos mais elevados índices mundiais. Os anos tombados desde a primeira edição de Operação Cesariana não exprimem o emudecimento do autor sobre o tema, que, ao revés, lhe mereceu muitas dezenas de publicações -teses, monografias, memórias, artigos originais, de revisão ou casuísticos, conferencias -de lavra própria e de seus discípulos, resenhados no Capitulo 8. Realço, de alevanto e sem jactância, embora com o propósito de lhe por sublinha, que fui vanguardeiro, entre nos, na prática das histerotomias arciformes do segmento inferior (1936), e o primeiro no Brasil a fazer, ensinar e difundir (1955) a incisão de Pfannenstiel para, a cesárea." - Jorge de Rezende



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