Jornada: Novelas para um Ano, Uma

Luigi Pirandello (Agrigento, 1867 - Roma, 1936) deve sua fama principalmente a obra de dramaturgo e romancista. No entanto, a narrativa curta ou novela - como ele preferiu chamar- foi o gênero que o escritor siciliano cultivou por mais tempo. Uma jornada reúne os ultimíssimos escritos de Pirandello e oferece ao leitor uma espécie de condensado de toda a sua obra. Pode-se dizer que, com este livro, o autor atinge o que vinha perseguindo desde que começou a escrever. Este é o momento em que ele chega efetivamente à almejada indistinção entre farsa e tragédia. O que caracteriza mais fortemente este conjunto de narrativas é o estado de espera, a expectativa tensa de algo iminente, ameaçador ou mesmo miraculoso. As ações são retardadas e aceleradas abruptamente, numa destruição progressiva do espaço-tempo, o leitor se depara com personagens marginais, proscritas. Indivíduos muitas vezes sem nome, atolados na solidão, submetidos à cegueira do acaso. Sobressaem o detalhe disforme, a representação da vida tumultuária num mundo estranho, a presença do maravilhoso, a irracionalidade radical das ações humanas. O estilo característico da fase final de Pirandello, porém, parece pôr essas questões em uma perspectiva muito peculiar. Se por um lado não podemos esquecer da singularidade da condição humana por um minuto sequer, por outro, somos lembrados de que, neste também cabe a beleza e a beleza de sua prosa.



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