Colores Siguientes

O poeta e jornalista Moacir Amâncio gosta, às vezes, de jogar com a idéia de que as línguas latinas são na verdade um só idioma, com respectivas áreas de expressão privilegiada. Assim, determinadas emoções e idéias só caberiam adequadamente em italiano, outras em francês, em português, romeno, catalão, ou espanhol, sem contar as variantes dialetais. Talvez por isso tenha escrito esta série de poemas, ou um só poema, diretamente em espanhol, idioma que de resto nunca foi estranho e muito menos dispensável aos escritores portugueses e brasileiros. Hoje, para o conhecimento dos autores hispânicos, sejam da Península Ibérica, sejam da América Espanhola. Mas, no passado, também como língua opcional para o exercício literário. Lembremos apenas um grande nome, por ser quase sempre esquecido, o de Sóror Maria do Céu, essa fulguração entre os séculos 17 e 18, que pertence à literatura portuguesa e à espanhola. Hoje, a busca de diálogo com o outro (?) lado da Ibéria é persistente entre escritores brasileiros. Isso pode ser verificado na obra de Murilo Mendes, João Cabral de Melo Neto, Renata Pallotini, Jose Nêummane Pinto e César Leal, entre outros. Ao universo espanhol de seus poemas, M.A. introduz, de modo oportuno, um elemento que fecha o vínculo entre Ibéria e América Latina ao trazer o emblemático Borges para o palco dessa festa barroca. Embora com certeza nao tenha ocorrido ao autor nenhuma intenção política imediata na redação deste volume, num claro momento de entusiasmo, existe um fato colocado que transcende a literatura. Ou seja, o das relações entre as culturas portuguesa e espanhola, que tiveram transplantada para a América a questão do falso distanciamento, enquanto os laços de origem persistem a espera de instantes por enquanto raros, como "Colores Siguientes", para vir à tona.


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