Da Abolição da Escravatura à Abolição da Miséria
Um dos mais combativos abolicionistas, o engenheiro André Pinto Rebouças sabia que com a assinatura da Lei Áurea, a abolição da escravatura estaria consumada, mas seria uma vitória incompleta. Para ele, era preciso que aos libertos fossem dadas oportunidades de trabalho remunerado e educação, sem as quais os negros apenas trocariam o cativeiro pela miséria. Além da universalização da educação básica, Rebouças sustentava que os ex-escravos deveriam receber terras para cultivar. Segundo o engenheiro, tais medidas não apenas garantiriam o sustento dos negros como também contribuiriam para o desenvolvimento do país. Para ele, se a educação formava o homem, o trabalho dignificava, independentemente de sua cor, como sua própria trajetória demonstrava. E o latifúndio, tanto quanto o cativeiro, era sinal de atraso. Não se alcançaria o desenvolvimento, portanto, sem uma reforma agrária ordeira e pacífica. A vida e as idéias de Rebouças, um dos mais importantes brasileiros do século XIX, são os temas centrais deste livro da professora Andréa Santos Pessanha, que a Quartet Editora publica com apoio do Centro Universitário UNIABEU. Como observa o professor da Universidade Federal Fluminense Humberto Fernandes Machado, André Rebouças era um homem de palavras e de ação. Por isso não se limitou a assinar artigos defendendo a abolição em jornais cariocas da época: em 1884, liderou um grupo de professores e alunos da Escola Politécnica visando acabar com escravidão no Largo do São Francisco, centro do Rio de Janeiro.
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