Ecofeminismo
Um livro de autoria conjunta sugere normalmente que os escritores tenham estado envolvidos num continuo diálogo, resultante de leituras e discussões comuns. Quando ambas começamos a pensar em escrever este livro, tivemos de enfrentar o fato de que tal cooperação não seria possível. Vivemos e trabalhamos separadas por milhares de quilômetros: uma no chamado Sul -Índia; outra no Norte -Alemanha: divididas, embora também unidas pelo sistema de mercado mundial, que garante privilégios aos povos do Norte, a custa dos povos do Sul e, também, pela história, pela língua e pela cultura. A nossa formação e os nossos antecedentes também diferem: Vandana é uma física teórica, do movimento ecologista; Maria e uma cientista social, do movimento feminista. Uma observara o sistema mundial capitalista da perspectiva dos povos explorados e da natureza do Sul; a outra estudará os mesmos processos do modo como estes afetam as mulheres, do ponto de vista de quem vive "no coração da fera". Poderiam todas estas diferenças ser superadas com boa vontade e esforço? Mais, seria apropriado, na atual conjuntura, tentar sequer escrever um livro em conjunto, quando todas as pessoas a nossa volta parecem estar empenhadas em descobrir a sua própria identidade particular, perante as diferenças sexuais, étnicas, nacionais, raciais, culturais e religiosas, como uma base para a autonomia?
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