Violências e Contemporaneidade
Nas primeiras décadas do século passado, Freud apontou três origens para o sofrimento humano: a natureza, ao assumir a forma de catástrofes como terremotos ou maremotos; o organismo, através da manifestação das doenças; e, por último, o que ele considerava mais delicado, intenso e cruel: o próprio homem ao conviver com o outro e estabelecer relações de exploração ou iniciar guerras. Nesse sentido, portanto, as mais dolorosas formas de materialização da violência na sociedade contemporânea dizem respeito a impasses no relacionamento entre o homem e seu semelhante.
A proposta desta coletânea é interrogar os processos de subjetivação e sociabilidade instaurados, tendo como perspectiva a problematização das diversas, obscuras e difusas figurações da violência na atualidade. Ao reunir pesquisadores de diferentes campos do saber (sociologia, antropologia, história, psicologia, psicanálise) e abordar temas diversos como juventude, drogadição, política, guerra, indiferença e discurso, os textos deste livro, além de potencializar a palavra como principal arma de combate aos efeitos aniquiladores da violência, apontam a fragilidade de nossa racionalidade e a insuficiência de nosso saber. Essa abordagem evidencia que, quando se trata de violência, estamos todos incluídos, seja na condição de agente, vítima ou espectador.
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