Dom Quixote
Para fechar com chave de ouro o ano do quarto centenário de "Dom Quixote" (1605), do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616), a editora paulistana Opera Graphica está lançando uma obra única e inédita no Brasil: um luxuoso livro com capa dura e papel couchê, com as 375 ilustrações que o gravurista francês Gustave Doré (1833-1883) fez do livro na segunda metade do século XIX. Cada imagem vem acompanhada de um fragmento do romance diretamente relacionado à mesma.
O volume tem organização do jornalista Gonçalo Junior, autor dos livros "A Guerra dos Gibis" (Companhia das Letras, 2004), "Alceu Penna e as garotas do Brasil (Cluq, 2004) e "Tentação à Italiana" (Opera Graphica, 2005), entre outros. Também organizou a coleção "Quadrinhos Sujos", que a Opera acaba de mandar para as livrarias. "Nosso propósito é presentear os fãs de Cervantes com algo diferente das muitas edições do livro que foram publicadas este ano e que pode ser vista como um complemento do texto", explica Gonçalo, que faz um longo ensaio sobre Doré na introdução.
Quase 150 anos depois de publicar a primeira edição de Dom Quixote com seus desenhos, o artista francês ainda estabeleceu uma marca tão forte em relação ao personagem que os dois são, hoje, indissociáveis. Não é possível mais idealizar outra figura de Dom Quixote senão a de Doré. Talvez seja esse um acontecimento único no mundo da literatura, uma vez que não houve uma composição combinada e os dois autores viveram em tempos diferentes, com dois séculos de diferença. Doré dividiu seu trabalho em três blocos bem distintos: pequenos desenhos ("croquis") de personagens secundários ou mesmo do protagonista, espalhados com recorte no texto; desenhos mais elaborados de cenas da trama e do cotidiano em formato horizontal mediano; e grandes gravuras em pranchas meticulosamente construídas - cerca de uma centena -, sempre com a retratação de alguma cena na qual Dom Quixote aparecia na companhia de seu fiel Sancho Pança ou de outros personagens.
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