Vida e Morte da Onça-Gente
Com os bichos, a onça-gente só conhecera sacanagem e violência.
Desgostosa, esperou ameia-noite. Puxou da pata o alfinete de virar gente. Virou de novo um belo rapaz. Só um pouco troncudo.
- Adeus, minha porção onça. Nunca mais te quero ver.
Pegou a cabeça do alfinete, que ficava no cotovelo, e atirou no mar. Lá ser gente pro resto dos seus dias.
Foi morar no Rio dos Papagaios. Na língua dos nossos antepassados é chamado Araguaia. A onça-gente parou em casa de um casal catador de castanha. Trabalhavam para chuchu.
A mulher era muito bonita. O marido não ficava atrás.
Só tinham um problema: necas de filho.
O homem não fazia tanta questão, a mulher que se pegava com os santos. Um dia pediu a Deus:
-Quero um filho. Nem que seja uma cabra.
Deus atendeu. Com nove meses ela pariu um casalzinho de suciris. Batizou-os de Honorato e Felizmina.
Editora: Moderna
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